Reflexão do filme: "O amor é cego"

Reflexão do filme: O amor é cego

Vanessa Martins Oliveira[1]

“A beleza verdadeira irradia da parte mais sagrada do espírito e ilumina o corpo, como a vida que vem das profundezas da terra e fornece cor e fragrância à flor” (Khail Gibran)

O filme (O amor é cego) retrata a história de um personagem (Hal) que apenas se sentia atraído por mulheres que tinham um padrão de beleza exterior, isto é, ele só se sentia atraído por belas mulheres, até o momento em que é hipnotizado e passa a se interessar por mulheres que não são detentoras de um padrão de beleza, mas que possuíam uma beleza interior. Assim, o personagem passou a olhar para mulheres consideradas socialmente “feias” e que estão, portanto, fora do padrão de beleza socialmente imposto e a enxergá-las como mulheres “belas”. Na realidade, o personagem passou a enxergar a real beleza que as mulheres têm dentro de si mesmas, ou seja, a essência de cada mulher.

Desta forma, Hal fica encantado e apaixonado por Rosimery, uma mulher que não estava dentro dos padrões de beleza, mas que era vista pelo personagem como uma belíssima mulher. Ora, a beleza enxergada pelo personagem provinha da real essência de Rosimery. Assim, o personagem ficou encantado com a beleza da personagem, que na verdade era uma beleza interior.

Ao descobrir que foi hipnotizado o personagem percebe a essência do verdadeiro amor e da verdadeira beleza.

Este filme nos faz refletir sobre o quanto a sociedade contemporânea, marcada pelos ditames da beleza e do culto ao corpo, se mostra cega, à medida que não consegue enxergar a verdadeira beleza presente no interior de cada um, ou seja, a verídica beleza e encantamento de cada ser. A sociedade se prende tanto a padrões, que não percebe a singularidade dos seres, tendo em vista que cada pessoa é única.

Portanto, a sociedade cria padrões, como o da beleza, que são socialmente impostos, e historicamente quem não se encaixa nesses padrões são excluídos, estigmatizados e segregados.

Ora, a inclusão de alunos com deficiência nas classes regulares, reflete e corrobora o que foi afirmado acima, visto que as escolas são estruturadas para atender alunos dentro dos padrões impostos socialmente, isto é, alunos sem nenhuma deficiência, considerados pelo senso comum como “normais”. Assim, observa-se que não há uma preparação e adaptação estrutural dessas escolas, bem como de profissionais capacitados, a fim de atender qualitativamente os alunos com deficiência.

Entretanto, a sociedade capitalista ao valorizar os padrões, valoriza a beleza exterior, excluindo, portanto, uma grande parte de pessoas que não estão dentro desses padrões, mas que são permeadas por uma magnífica beleza interior, que é ofuscada pelos ditames dos padrões socialmente impostos. Portanto, de forma injusta essas pessoas são segregadas e perdem a oportunidade de apresentarem à sociedade o seu verdadeiro potencial.



[1] Discente da disciplina Tópicos Especiais em Educação Especial, turno: Vespertino (segunda-feira), matrícula: 108.06.105-9.